Justiça marca audiência de delegado que atirou em ambulante em Fernando de Noronha; vítima teve perna amputada
23/09/2025
(Foto: Reprodução) Delegado discute e atira em morador de Fernando de Noronha
A Justiça de Pernambuco marcou para 29 de janeiro de 2026 a primeira audiência de instrução do delegado Luiz Alberto Braga de Queiroz. Ele é réu por tentativa de homicídio contra o ambulante Emmanuel Apory, baleado em Fernando de Noronha. O tiro atingiu a perna da vítima, que precisou ser amputada (ver vídeo acima).
O crime ocorreu em maio deste ano, durante um evento de samba no Forte dos Remédios. O delegado não foi preso e responde em liberdade. O caso gerou grande repercussão na ilha, com protestos de moradores que pediam justiça.
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O que diz a acusação
O advogado de Emmanuel Apory, Anderson Flexa, que atua como assistente de acusação do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), afirmou que a audiência pode trazer esclarecimentos importantes.
“Esperamos que esse sofrimento de Emmanuel chegue ao fim. Buscamos reparação. A pena é inevitável diante do ato praticado pelo delegado Luiz Alberto e deve respeitar a proporcionalidade. A atitude do policial mudou a vida de Emmanuel”, disse Flexa.
A audiência será híbrida, e o delegado poderá prestar depoimento em Fernando de Noronha ou de forma online.
Emmanuel Apory teve a perna amputada
Anderson Flexa/Acervo pessoal
O que diz a defesa
O advogado do delegado, José Augusto Branco, disse estranhar a marcação da audiência antes mesmo da apresentação da resposta à acusação
“Antes de o Judiciário analisar as alegações da defesa, já se agenda um ato essencial, atropelando etapas previstas em lei e fragilizando o direito de defesa”, declarou o advogado.
José Augusto Branco também afirmou que perícias importantes ainda não foram anexadas ao processo, o que, segundo ele, inviabiliza o debate sobre a verdade dos fatos.
“O Ministério Público parece mais empenhado em condenar a qualquer custo do que em garantir justiça. O delegado agiu em legítima defesa e, em vez de ter sua conduta analisada de forma justa, vem sendo massacrado por uma acusação que ignora garantias fundamentais”, disse Branco.
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O que diz o Ministério Público
O representante do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), o promotor Fernando Matos, afirmou que as reclamações da defesa do delegado Luiz Alberto Queiroz, denunciado por tentativa de homicídio em Fernando de Noronha, não têm fundamento. O caso segue em andamento na Justiça.
Segundo o promotor, a audiência de instrução está marcada para 29 de janeiro de 2026. Ele explicou que a defesa perdeu o prazo para apresentar a defesa preliminar, mas ganhou uma nova oportunidade para incluir testemunhas no processo.
O promotor destacou que ainda há tempo para anexar ao processo a perícia solicitada pela defesa, mas ressaltou que esse não é o único elemento de prova.
“As testemunhas indicadas, principalmente pelo Ministério Público, também serão fundamentais”, disse.
Matos afirmou que entende a preocupação da defesa diante da fragilidade da tese de legítima defesa, mas garantiu que as decisões têm seguido critérios de legalidade e coerência.
“Ataques pessoais não mudam os fatos nem a busca pela verdade. Mas uma coisa é certa: a justiça virá”, concluiu o promotor Fernando Matos.
Delegado Luiz Alberto Braga virou réu
Instagram/Reprodução
Entenda o caso
O caso aconteceu no dia 5 de maio, após uma briga que teria sido motivada por ciúmes;
Luiz Alberto Braga, que estava em Fernando de Noronha a serviço, tirando férias do delegado titular da ilha, estava acompanhado de uma mulher e acusou Apory de tê-la assediado;
Uma câmera de segurança registrou o momento em que Emmanuel foi abordado pelo delegado;
Apory levou um tapa e, em seguida, partiu para cima do policial, que reagiu com disparos;
O ambulante teve uma das pernas ferida;
Emmanuel foi atendido no Hospital São Lucas, na ilha, e transferido de avião para o Hospital da Restauração, no Recife, teve a perna amputada e teve alta no dia 22 de junho;
O delegado responde a um processo administrativo disciplinar especial, aberto pela Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS);
A SDS determinou o afastamento de Braga por 120 dias e recolheu suas armas e identificação funcional;
O Ministério Público denunciou o delegado por tentativa de homicídio contra ambulante de Noronha;
A Justiça aceitou a denúncia do Ministério Público e o delegado virou réu por tentativa de homicídio duplamente qualificado.
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